“ASSERTIVIDADE, EMPATIA, RESILIÊNCIA”
Em tempos de relações verdadeiras apenas no mundo virtual
(parece contraditório, mas não é), estas palavras estão em alta.
De tempos em tempos sempre surgem novos termos que entram em
voga, quando eu estava na faculdade era “biopsicossocial”, ouvíamos esta
palavra umas vinte vezes por dia, em todas as aulas, de todos os professores.
Bem, parece que existem outras queridinhas da vez: assertividade (capacidade de
expressar seus sentimentos e emoções), empatia (capacidade de se colocar no
lugar no outro) e resiliência (capacidade de voltar ao estado de equilíbrio
após passar por momentos de tensão).
O que me chama a atenção é que a maioria das pessoas utiliza
estas palavras em seu dia a dia sem ao menos saber seus reais significados e
muito menos colocá-los em prática.
Mas o que tem isso a ver com o yoga?
O yoga, por ser um sistema filosófico, traz um conjunto de
condutas éticas que se espera que todo yogue aplique em sua vida.
Sendo assim, esses termos que hoje estão na moda, desde
sempre fazem parte da vida de todo praticante de yoga. Mesmo que o professor de
yoga não fique discorrendo sobre as condutas éticas em todas as aulas, isto é
algo intrínseco. Por exemplo: o professor não precisa ficar explicando sobre o
termo “assertividade”, mas quando ele fala sobre autoconhecimento, conhecer
seus sentimentos e emoções, instrui o aluno a autopercepção, ele está
desenvolvendo nos praticantes a assertividade, pois só quem tem autoconhecimento,
quem conhece suas emoções e sentimentos, saberá expressá-los de maneira
assertiva, ou seja, conseguirá dizer em determinado momento que está sentindo
raiva (por exemplo) e o porquê esta raiva foi gerada sem perder o controle
emocional, pois ele se conhece, sabe administrar e reconhecer suas emoções e
sentimentos.
O yogue, tendo maior conhecimento de si, passará a conhecer
melhor o outro também, se não for um exímio conhecedor ao menos um excelente
observador. E isso o tornará mais sensível à dor humana, aos sentimentos e
emoções do próximo, terá a capacidade de se colocar no lugar do outro e avaliar
a sensação e emoção que o outro está vivendo em determinada situação. E se isto
realmente for colocado em prática, evitará muitos sofrimentos e violências,
pois, se eu não gosto que me ofendam, que me tratem mal, conseguirei me colocar
no lugar daquela pessoa que está sendo tratada de maneira inadequada e passarei
a evitar este tipo de comportamento, tendo consciência de que estou gerando sofrimento
no outro. E isso se chama “empatia”.
Quando comecei no caminho do yoga, percebi que estava tendo
uma nova visão de mundo, os acontecimentos não me abalavam da maneira
avassaladora como antes; problemas nunca deixaram de existir, mas a maneira como
passei a encará-los se modificou. Os
acontecimentos estressantes e desagradáveis surgiam, porém, não mais me desestruturavam,
lógico que o estresse era gerado, mas, como um bambu, eu me curvava ao vento forte e voltava ao meu estado natural de
equilíbrio, pois só assim é possível encontrar caminhos para sair da situação
que gerou o estresse. Assim passei a ser uma pessoa que pratica a
“resiliência”.
Algumas pessoas podem achar que isso é uma maneira fria de
encarar os contratempos da vida, mas como sempre digo, o yoga não me deixou
fria, me deixou realista.
E tenho percebido que muito de meus alunos (olha que nestes
oito anos como professora de yoga já passou muito gente pelas minhas aulas) sempre
acabam tendo este tipo de reflexão sobre a vida: passam a exercitar a
assertividade, a empatia e a resiliência, muitos sem nem mesmo terem ouvido
falar a respeito desses termos.
Também não fico massacrando a cabeça de meus alunos com os
yamas (refreamentos) e nyamas (auto-observações), pois aquele que deixa o yoga
entrar em sua vida acaba por praticar naturalmente todos os itens do código de
conduta do yogue, que são:
1 - Yamas ou refreamentos
1.1 -Ahimsa ou não violência
1.2 -Satya ou não mentir
1.3 -Asteya ou não roubar
1.4 -Brahmacharya ou controle da energia
sexualidade
1.5 -Aparigraha ou não cobiçar
2 - Niyamas ou auto-observações
2.1 -Saucha ou purificação
2.2 -Santosha ou autocontentamento
2.3 -Tapas ou autosuperação
2.4 -Svadhyaya ou auto estudo
2.5 -Ishvara pranidhama ou auto entrega
Se bem observamos, estas normas de
condutas, que foram escritas há muito tempo, antes mesmo da Era Cristã, podemos
compará-las com os dez mandamentos do Velho Testamento, ou seja, em todos os
povos, em todos os tempos, a preocupação com o comportamento humano sempre
existiu, normas de condutas morais e éticas sempre existiram, pode-se mudar o
termo usado, mas a essência sempre é a mesma, tornar o ser humano um ser que se
auto conheça, que saiba se colocar no lugar do outro e respeitá-lo, aprendendo
a administrar o estresse e problemas do dia a dia.
Paz e Luz a todos
Professora Nadêjda Licia
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