sexta-feira, 17 de março de 2017

O QUE ESPERAR DE UM YOGUE (PRATICANTE DE YOGA)

“ASSERTIVIDADE, EMPATIA, RESILIÊNCIA”


Em tempos de relações verdadeiras apenas no mundo virtual (parece contraditório, mas não é), estas palavras estão em alta.
De tempos em tempos sempre surgem novos termos que entram em voga, quando eu estava na faculdade era “biopsicossocial”, ouvíamos esta palavra umas vinte vezes por dia, em todas as aulas, de todos os professores. Bem, parece que existem outras queridinhas da vez: assertividade (capacidade de expressar seus sentimentos e emoções), empatia (capacidade de se colocar no lugar no outro) e resiliência (capacidade de voltar ao estado de equilíbrio após passar por momentos de tensão).
O que me chama a atenção é que a maioria das pessoas utiliza estas palavras em seu dia a dia sem ao menos saber seus reais significados e muito menos colocá-los em prática.
Mas o que tem isso a ver com o yoga?
O yoga, por ser um sistema filosófico, traz um conjunto de condutas éticas que se espera que todo yogue aplique em sua vida.
Sendo assim, esses termos que hoje estão na moda, desde sempre fazem parte da vida de todo praticante de yoga. Mesmo que o professor de yoga não fique discorrendo sobre as condutas éticas em todas as aulas, isto é algo intrínseco. Por exemplo: o professor não precisa ficar explicando sobre o termo “assertividade”, mas quando ele fala sobre autoconhecimento, conhecer seus sentimentos e emoções, instrui o aluno a autopercepção, ele está desenvolvendo nos praticantes a assertividade, pois só quem tem autoconhecimento, quem conhece suas emoções e sentimentos, saberá expressá-los de maneira assertiva, ou seja, conseguirá dizer em determinado momento que está sentindo raiva (por exemplo) e o porquê esta raiva foi gerada sem perder o controle emocional, pois ele se conhece, sabe administrar e reconhecer suas emoções e sentimentos.
O yogue, tendo maior conhecimento de si, passará a conhecer melhor o outro também, se não for um exímio conhecedor ao menos um excelente observador. E isso o tornará mais sensível à dor humana, aos sentimentos e emoções do próximo, terá a capacidade de se colocar no lugar do outro e avaliar a sensação e emoção que o outro está vivendo em determinada situação. E se isto realmente for colocado em prática, evitará muitos sofrimentos e violências, pois, se eu não gosto que me ofendam, que me tratem mal, conseguirei me colocar no lugar daquela pessoa que está sendo tratada de maneira inadequada e passarei a evitar este tipo de comportamento, tendo consciência de que estou gerando sofrimento no outro. E isso se chama “empatia”.
Quando comecei no caminho do yoga, percebi que estava tendo uma nova visão de mundo, os acontecimentos não me abalavam da maneira avassaladora como antes; problemas nunca deixaram de existir, mas a maneira como passei a encará-los se modificou.  Os acontecimentos estressantes e desagradáveis surgiam, porém, não mais me desestruturavam, lógico que o estresse era gerado, mas, como um bambu, eu me curvava ao  vento forte e voltava ao meu estado natural de equilíbrio, pois só assim é possível encontrar caminhos para sair da situação que gerou o estresse. Assim passei a ser uma pessoa que pratica a “resiliência”.
Algumas pessoas podem achar que isso é uma maneira fria de encarar os contratempos da vida, mas como sempre digo, o yoga não me deixou fria, me deixou realista.
E tenho percebido que muito de meus alunos (olha que nestes oito anos como professora de yoga já passou muito gente pelas minhas aulas) sempre acabam tendo este tipo de reflexão sobre a vida: passam a exercitar a assertividade, a empatia e a resiliência, muitos sem nem mesmo terem ouvido falar a respeito desses termos.
Também não fico massacrando a cabeça de meus alunos com os yamas (refreamentos) e nyamas (auto-observações), pois aquele que deixa o yoga entrar em sua vida acaba por praticar naturalmente todos os itens do código de conduta do yogue, que são:
1 - Yamas ou refreamentos 
1.1 -Ahimsa ou não violência
1.2 -Satya ou não mentir
1.3 -Asteya ou não roubar
1.4 -Brahmacharya ou controle da energia sexualidade
1.5 -Aparigraha ou não cobiçar
2 - Niyamas ou auto-observações
2.1 -Saucha ou purificação
2.2 -Santosha ou autocontentamento
2.3 -Tapas ou autosuperação
2.4 -Svadhyaya ou auto estudo
2.5 -Ishvara pranidhama ou auto entrega
Se bem observamos, estas normas de condutas, que foram escritas há muito tempo, antes mesmo da Era Cristã, podemos compará-las com os dez mandamentos do Velho Testamento, ou seja, em todos os povos, em todos os tempos, a preocupação com o comportamento humano sempre existiu, normas de condutas morais e éticas sempre existiram, pode-se mudar o termo usado, mas a essência sempre é a mesma, tornar o ser humano um ser que se auto conheça, que saiba se colocar no lugar do outro e respeitá-lo, aprendendo a administrar o estresse e problemas do dia a dia.

Paz e Luz a todos
Professora Nadêjda Licia